sábado, 28 de janeiro de 2012

Ele não é o meu SUPER HERÓI!

Eu passei a minha infância desenhando com a minha imaginação, a imagem perfeita de alguém que naquele tempo, eu considerava meu PAI.

Ele não era tão bonito, mais tinha traços meus que o faziam marcante. Seu cabelo era liso como realmente é.  Seu sorriso era completamente igual ao meu. Ele era alto e sempre que eu o imaginava chegando em minha casa, eu pulava em seus braços, o abraçava e beijava, dizendo o quanto eu o amava e o quanto ele era importante na minha vida. E claro, ele sempre correspondendo a cada carinho meu. 

Eu era feliz em apenas imaginar, em viver uma ilusão criada por mim. Eu estava alimentando dentro da minha cabeça a esperança de que, esse homem realmente pudesse existir!
Que ele venha logo porque eu já estou morrendo de saudades...

Tinha virado sina, obsessão. Se ele não viesse logo, eu iria atrás dele! 
Eu já estava cansada em apenas me contentar com pedidos de aniversario, com pedidos ao papai noel, com pedidos no dia das crianças. Eu estava cansada de pedir que ele aparecesse logo, sempre que eu tivesse uma boa oportunidade! Eu realmente não sabia oque estava acontecendo... Ele nunca vinha, ninguém nunca realizava os meus desejos, será que ninguém me ouvia? 

O tempo foi passando e eu fui me contentando, mais ainda assim, eu esperava... 

E então... Numa madrugada na qual eu não conseguia dormir, minha mãe e eu ouvimos barulhos no portão. Alguém gritou há chamando e eu assustada não sabia oque falar ou fazer!
Até que ela me olhou decepcionada e disse "É seu pai!" Na hora, é claro que eu fiquei louca! Não via a hora de abrir logo aquele portão, de pular no colo dele, abraçar, dizer o quanto eu desejei aquele momento, entregar a ele todas as coisinhas que fiz pra ele no dia dos pais, que até então, era traumatizante pra mim! E foi exatamente isso que eu fiz. Ao abrir o portão, corri ao seu encontro o chamando de pai, pulei em seus braços e ele me segurou por alguns segundos, olhou pra mim e disse "Oi" e logo me soltou. 

É claro que eu odiei, como assim ele me pega por 10 segundos, me dá um oi ridículo desses e em seguida me larga? Não era esse o meu pai! Não o que eu tanto pedi, aquele que eu tanto desejei... Eu queria o meu, era o meu pai que eu queria e eu não largo mão de ter! TRAGA-ME ELE LOGO.

Pobre criança, abandonada pelo pai quando ainda bebê, sempre ignorada por ele! Como eu era burra, como eu era idiota, como eu era boa! 

Ele entrou na minha casa e nem ligou para os meus desenhos de dia dos pais, só queria falar da maldita pensão que ele nunca havia pago. Acho que nem lembrava meu nome! Estava drogado, estava bêbado, estava deprimente! Mas, por incrível que pareça, eu o queria ali, queria que ele ficasse ali pra sempre. Continuava sendo o meu pai e aos meus olhos, ele era perfeito!  

E foi ai que a raiva tomou conta de mim... Ver minha mãe o levando até o portão, o convidando para se retirar. Eu não queria, ele tinha acabado de chegar, mas ela não se importou! E eu? Passei muito tempo sofrendo por dentro, chorando no banheiro, escrevendo minha maior dor em um caderno que hoje nem sei mais se existe! 

Mas, a gente amadurece! Passa a perceber que as coisas são como tem que ser. Aprende a dar valor apenas para aqueles que realmente merecem... E não precisou muito para eu aprender isso! Bastou apenas ele vir novamente em minha casa. Só que dessa vez ele estava bem, não havia usado drogas, não havia bebido e então, ele foi direto pra casa da minha vó. Passou por mim como se eu nem estivesse ali e foi embora do mesmo jeito! Nem um oi, nem um sorriso, nem um olhar. Cretino. Partiu meu coração em milhões de pedaços, fez com que meu mundo desmoronasse, fez com que eu desistisse de sonhar e que eu levasse muito tempo para vir a amar alguém.

No começo foi difícil, eu tinha só 12 anos... Mas a gente percebe que, ou amadurecemos pelo bem, ou amadurecemos pelo mal! Infelizmente, por falta de experiência, eu tive que aprender da maneira mais difícil!

A minha história na qual os personagens principais são "pai e filha" ou melhor... Meu pai e eu, não acabou por aqui! A filha, ainda aprende bem mais do que se pode imaginar... Mas vamos deixar esse final para uma próxima postagem. 


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